As várias versões de mim - todas elas, hoje, sorriem
Começo este texto por dizer que, desde a última vez que escrevi, muita coisa aconteceu. E no entanto, nada disso é a desculpa pela qual fiquei algum tempo sem cá vir deixar umas palavras.
A verdade é que, entre preocupações, o dia a dia, séries, filmes, livros e tantas outras coisas, acabei por deixar um bocado de lado este cantinho, que é ainda tão recente, na verdade.
Mas o tópico do texto de hoje, é outro.
Ás vezes não consigo deixar de sentir que já vivi muitas vidas numa só. Talvez este seja um sentimento comum a muitos outros (partilhem, se assim acharem por bem fazê-lo), mas a verdade é que, tendo vivido apenas 28 anos (a um mês e meio de completar os 29), o sentimento é muitas vezes esse.
Já fui tanta coisa, existem tantas versões de mim dentro de mim, que às vezes, fica um pouco confuso. Já fui a filha única que brincava sozinha em casa e com o primo durante as férias de verão. Já fui a irmã mais velha, que evitava depois brincar com a mais nova porque as barbies e as bonecas já não eram brincadeiras de uma menina de dez anos. Já fui a pré-adolescente que tirava boas notas e tinha acne e poucos amigos, e a adolescente que fazia coisas menos aconselháveis, com muitos amigos mas (muitos) pouco verdadeiros.
Depois fui a jovem destemida, sem medos, que embarcou num avião aos dezanove anos para ir estudar a sua paixão, na terra do sunday roast e do fish and chips. Fui a jovem triste, com saudades de casa, sozinha, desamparada. Que lutava todos os dias contra a vontade de desistir e regressar à sua casa. Também fui a jovem que regressou, aos vinte e três, cansada e derrotada.
Fui a jovem jornalista estagiária, e depois, quando isso não resultou, fui a jovem que trabalhou num call center. No meio disso, fui a jovem que se apaixonou por uma mulher incrível, e que começou a construir uma vida a dois (e depois a quatro, com dois felinos fofinhos).
A mulher, que no desespero, foi atrás de pessoas e não de sonhos, de vontades.
Hoje, sou a mulher que vos escreve, tão feliz, mas tão feliz, que não sei como cabe em mim tamanha felicidade. A jovem mulher que está prestes a embarcar numa nova etapa da sua vida. Orgulhosa, ainda um pouco incrédula, e muito grata.
E com todas estas versões de mim, dentro de mim, de uma coisa tenho a certeza: todas elas estão neste momento a olhar para mim, a sorrir, e a dizer - caraças, Alexandra...conseguiste.